quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Os deslizamentos no Rio e a corrupção política


Por Marcos Sabater - Redemptoris Mater

Na Europa, a mídia não deixa de informar sobre o desaparecimento e a morte de centenas de pessoas por causa das chuvas torrenciais no estado de Rio de Janeiro. Algumas das imagens impressionam pela sua violência.

Os europeus ficam maravilhados com a capacidade de superação dos brasileiros e pela decisão firme do governo federal em reconstruir os povoados arrasados pelas fortes chuvas.

Este problema dos deslizamentos não é algo anedótico nos anais do Brasil. Temos ainda na memória as inundações no Rio, em abril de 2010. Os mais velhos, com toda certeza, devem lembrar as tragédias ocorridas em janeiro de 1967, na Serra das Araras e em Caraguatatuba. A tragédia que presenciamos através da mídia deve fazer-nos refletir sobre um assunto que atinge muito de perto aos brasileiros: a corrupção na política.

A construção de casas e edificações nos morros e serras significa aumentar o risco de perdas de vidas humanas em época de chuvas. Sem licitações, nem permissão para levantar moradias nas ladeiras das montanhas, as pessoas não são conscientes do perigo ao qual se expõem. No entanto, o mais preocupante é o caos criado pelo mau planejamento das cidades. O crescimento urbano não está sendo acompanhado pelos organismos municipais e estaduais de modo eficaz.

Várias são as perguntas que chegam: quem ganha com as centenas de mortes provocadas por deslizamentos? Qual é a 'recompensa' dos prefeitos e dos vereadores que, olhando para outro lado durante anos, ignoraram a situação de risco de bairros inteiros agora sepultados pela lama? Durante muito tempo ninguém se preocupou de fazer contratos urbanísticos para demolir aquelas casas e construí-las em lugares seguros, ou de não amontoar lixo em lugares inclinados para não entupir assim a saída de água, ou simplesmente de inspecionar que ninguém fizesse cortes nos terrenos de encostas sem licença da Prefeitura.

Alguma coisa cheira mal neste assunto e não só no Rio de Janeiro. A corrupção política se oculta sob diversas formas: solicitações e favores clientelares na construção de hotéis a escassos metros da praia, má gestão do dinheiro público no planejamento territorial de bairros periféricos, desrespeito do entorno natural, uso indevido dos empréstimos recebidos do Governo federal ou estadual para atividades especulativas.

A corrupção e os favoritismos dificultam o acesso eqüitativo aos bens e serviços; trai os princípios da moral e as normas da justiça social; compromete o correto funcionamento do Estado, influindo negativamente na relação entre governantes e governados; introduz uma crescente desconfiança em relação à política e aos seus representantes. Na tua opinião, quais são as possíveis soluções para erradicar a corrupção no Brasil? Você acredita que existem motivos para desconfiar cada vez mais da classe política em geral? Por que?


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