sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Salário Mínimo, é mínimo demais.

Pe. André Lima
Superintendente da Rádio Nova Aliança
Assessor de Imprensa da Arquidiocese de Brasília



Nesta semana, estamos assistindo todo um debate, na verdade, toda uma polêmica sobre o salário mínimo de nosso país. A questão girou entre os seguintes valores: R$ 545,00 ou R$ 600,00?


Bem da verdade é que uma grande parte da população brasileira depende deste valor para sobreviver, definir seus gastos, pagar suas contas, exercer sua cidadania. Porém, o quanto vale a dignidade humana? Enquanto algumas categorias podem e fazem seus próprios reajustes, a grande massa da população se vê regida fielmente aos princípios econômicos e por que não dizer, políticos!

A proposta de reajuste do salário mínimo é calculada com base na inflação de 2010 mais o crescimento do produto interno bruto (pib) de 2009. O governo defende um discurso de austeridade com o argumento repetido à exaustão de que cada real acrescido ao mínimo significaria um impacto de quase 300 milhões de reais nas contas públicas.

Interessante, no entanto, que ninguem fala do reajuste de 61,83% nos salários dos nossos parlamentares que aconteceu em dezembro do ano passado. Quem não se lembra, eles aumentaram os seus próprios subsídios, eles que eu digo, os deputados federais e senadores da república, equiparando-se aos vencimentos dos ministros do supremo tribunal federal (STF).


Com este reajuste, o salário dos deputados federais passou de r$ 16,5 mil para R$ 26,7 mil, pagos a partir do primeiro dia do mês de fevereiro. É importante dizer que o aumento na esfera federal gerou um efeito cascata nas assembléias legislativas nos estados e municípios do nosso país.


Segundo um estudo, o aumento dos gastos com o salário dos congressistas, estimado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), equivale a um sexto do que o governo desembolsa por ano (R$ 13 bilhões) para atender a 12,7 milhões de beneficiários do bolsa família, maior programa social do antigo governo lula.


Nesta lógica, o efeito em cascata provocado pela equiparação dos congressistas, ministros, presidente da república e vice ao teto de R$ 26,7 mil ocorrerá em praticamente todos os legislativos regionais, segundo a CNM.


Aonde foram parar os princípios econômicos e administrativos de gerência pública neste caso específico? Por que aplicar tais princípios somente ao salário mínimo? Disputas políticas a parte, a questão ainda reside no fato de não reconhecermos o cidadão brasileiro como uma pessoa humana que possui a sua dignidade, os seus direitos e suas necessidades.

Instabilidade política, teste político para o governo, enfim, o que chamemos, não passa de reduzir a discussão da verdadeira questão: a riqueza gerada pela nação fruto do suor do trabalhador deve ser gerenciada a fim de obedecer aos critérios do bem comum! Não do bem próprio de alguns.


Não podemos esquecer que aquele que recebe o salário mínimo, é a mesma pessoa que enfrenta filas nos hospitais, que pega ônibus cheio e atrasado, que pega metrô, que vê seu dinheiro não chegar ao final do mês com a sua familia. As ações dos homens públicos, legitimamente eleitos como representantes da população, precisam seguir os critérios da justiça e da igualdade.

É por isto que o cristão precisa agir, precisa saber que a implantação do reino passa pelo respeito ao próximo, pela vivência da justiça, da busca do bem comum, do voto consciente e certo. Sem estas realidades, vamos continuar a assistir a redução da pessoa humana, o economicismo, e o jogo de interesses econômicos que não visam o bem estar da sociedade nem da sobrevivência dos pobres e daqueles que com o suor do seu trabalho ganham um salário que de tão mínimo, não fornece condições de vida digna.

Rezemos pelos nossos gestores, pelos nossos políticos para que iluminados pelo espírito santo saibam enxergar estas realidades que gritam por justiça em nosso País.








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