sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Fraternidade e Saúde Pública

Pe. André Lima
Superintendente do Sistema Nova Aliança de Comunicação


Prezado leitor, a cada ano, a Igreja no Brasil, através da CNBB, propõe um tema de reflexão, a partir da Quaresma, para os cristãos no Brasil, propondo ações para mudanças que atingem a sociedade. Este ano, o tema é: “fraternidade e saúde pública” e o lema: “que a saúde se difunda sobre a terra”.

Em nossa Arquidiocese foi criada uma Comissão de Animação da Campanha da Fraternidade – CF em parceria com a Comissão Justiça e Paz. Tal comissão conta com um grupo de voluntários e com alguns padres para a elaboração do programa, sugestão de palestras e indicação de depoimentos.

Isto porque a situação da saúde no Brasil e, especialmente no Distrito Federal, está bastante precária. E esta questão não é preciso fazer uma elaboração de teorias, mas uma constatação quanto ao uso dos serviços públicos. E certos questionamentos que são feitos precisam ser tratados para gerar uma conscientização.

A campanha não tem o interesse simplesmente de culpar os gestores públicos ou mesmo os políticos, porém gerar uma consciência quanto ao uso do serviço e da busca pela realização dos direitos do cidadão através de políticas públicas para saúde.

E isto é dito no objetivo geral do texto-base da CF 2012 que nos afirma: “refletir sobre a realidade da saúde no Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno e comunitário das pessoas na atenção aos enfermos e mobilizar por melhorias no sistema público de saúde.”

É importante entronizar o que será debatido em nossas paróquias e em toda a Igreja do Brasil quanto à saúde. E os objetivos específicos nos apresentam um panorama que cada católico, cada cidadão, cada usuário do sistema de saúde precisa estar consciente.

Com o objetivo de explicar o tema e o texto base da campanha da fraternidade 2012, a arquidiocese de Brasília fará amanhã, dia 11 de fevereiro, um encontro de formação para agentes de pastorais, movimentos e entidades, na Universidade Católica de Brasília, Taguatinga sul.

A intenção este ano é dinamizar o encontro e torná-lo mais prático. Serão discutidos assuntos como os direitos e deveres dos usuários dos serviços públicos de saúde, as prioridades estabelecidas pela arquidiocese, alguns procedimentos de instalação das pastorais de saúde, da criança e da pessoa idosa nas comunidades paroquiais.

As inscrições serão gratuitas e poderão ser feitas no dia e local do evento. Haverá possibilidade de almoço no local a preços populares. O encontro será realizado das 8h30 às 17h. E a entrada é franca.

A comissão refletirá que o encontro de formação é um momento específico para os agentes terem as condições e a consciência de estimular a comunidade paroquial para que o processo de animação da CF 2012 seja um instrumento de promoção da ação pastoral da Arquidiocese.

A intenção é que haja uma promoção na Arquidiocese, especialmente nas paróquias, palestras, fóruns, debates, seminários com especialistas sobre temas ligados à saúde (SUS, conselhos de saúde; plano gestor de saúde do DF, programa saúde da família-PSF) bem como a utilização, de acordo com a disponibilidade de cada comunidade, dos meios eletrônicos para discussão dos referidos temas

Hoje, para a organização e aplicação de uma Campanha da Fraternidade se faz necessário uma estrutura. Por isto, a comissão de animação quer incentivar a criação ou reorganização das pastorais da saúde, da criança e pessoa idosa em todas as paróquias da arquidiocese, bem como incentivar a criação das comissões paroquiais de animação de campanhas – CPAC, nas paróquias e o equivalente nas pastorais, movimentos e serviços de leigos de alcance arquidiocesano.

Acompanhe pela rádio Nova Aliança que fará a cobertura total deste evento e das ações que acontecerão durante a quaresma sobre a campanha da fraternidade. Junte-se a nós nas ações de conscientização sobre a importância da saúde pública para a composição de uma sociedade mais justa.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Redescoberta da Importância de Deus

Pe. André Lima
Superintendente do Sistema Nova Aliança de Comunicação





Prezado leitor, para encerrar este ciclo de meditações sobre a oração a partir das audiências do Papa Bento, ele nos leva a refletirmos sobre uma das características do homem: a religiosidade.
Quando observamos o nosso tempo, ele é marcado pelo secularismo. Segundo Sua Santidade, Deus parece ter desaparecido do horizonte de várias pessoas ou ter-se tornado uma realidade diante da qual o homem permanece indiferente.
Em meio a este afastamento de Deus, vê-se um despertar do sentido religioso, uma redescoberta da importância de Deus para a vida do homem, uma exigência de espiritualidade, de superar uma visão puramente horizontal, material da vida humana.
Segundo o Papa, ao olhar para a história recente, malogrou a previsão de quem, desde a época do iluminismo, preanunciava o desaparecimento das religiões e exaltava uma razão absoluta, separada da fé, uma razão que teria esmagado as trevas dos dogmatismos religiosos e dissolvido o "mundo do sagrado", restituindo ao homem a sua liberdade, a sua dignidade e a sua autonomia de Deus. 
No Catecismo da Igreja Católica há a seguinte afirmação: "pela criação, Deus chama todos os seres do nada à existência... Mesmo depois de, pelo pecado, ter perdido a semelhança com Deus, o homem continua a ser à imagem do seu criador. Conserva o desejo d’aquele que o chama à existência. Todas as religiões testemunham esta busca essencial do homem" (CIC 2566).
Segundo a seguinte constatação de que não houve qualquer grande civilização, desde os tempos mais longínquos até aos nossos dias, que não tenha sido religiosa. Isto demonstra que o homem é religioso por sua natureza, é homo religiosus como é homo sapiens homo faber: "o desejo de Deus está inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus" (CIC 27).
Para Bento XVI, a imagem do criador está impressa no seu ser, e ele sente a necessidade de encontrar uma luz para dar uma resposta às interrogações que dizem respeito ao sentido profundo da realidade; resposta que ele não pode encontrar em si mesmo, no progresso ou na ciência empírica.
homo religiosus não emerge só dos mundos antigos, mas atravessa toda a história da humanidade. A este propósito, o rico terreno da experiência humana viu surgir diversificadas formas de religiosidade, na tentativa de responder ao desejo de plenitude e de felicidade, à necessidade de salvação, à busca de sentido.
O homem da era "digital", como o das cavernas, procura na experiência religiosa os caminhos para superar a sua finitude e para assegurar a sua precária aventura terrena. De resto, a vida sem um horizonte transcendente não teria um sentido completo, e a felicidade, para a qual todos nós tendemos, está projetada espontaneamente para o futuro, para um amanhã que ainda se deve realizar.
Algo que o homem não pode apagar de seu coração é a sede de infinito, uma saudade de eternidade, uma busca de beleza, um desejo de amor, uma necessidade de luz e de verdade, que o impelem rumo ao absoluto; o homem tem em si o desejo de Deus.
Segundo são Tomás de Aquino, um dos maiores teólogos da história, define a oração "expressão do desejo que o homem tem de Deus". Esta atração por Deus, que o próprio Deus colocou no homem, é a alma da oração, que depois se reveste de muitas formas e modalidades, segundo a história, o tempo, o momento, a graça e até o pecado de cada orante.
Naturalmente, quando o papa fala da oração como experiência do homem enquanto tal, do homo orans, é necessário ter presente que ela é uma atitude interior, e não só uma série de práticas e fórmulas, um modo de ser diante de Deus, e não só o cumprir gestos de culto ou o pronunciar palavras.
A oração, desta forma, tem o seu centro e afunda as suas raízes no mais profundo da pessoa; por isso não é facilmente decifrável e, pelo mesmo motivo, pode estar sujeita a mal-entendidos e a mistificações.