Campanha da Fraternidade e Quaresma

Por Padre André Lima
Superintendente da Rádio Nova Aliança
Assessor de Imprensa da Arquidiocese de Brasília

Nesta última quarta-feira, começamos a Quaresma! Um tempo que nos remete diretamente à misericórdia do Senhor. E a igreja no Brasil, sempre preocupada com o crescimento espiritual dos seus fiéis e também na perspectiva de gerar um debate construtivo na sociedade brasileira, lançou a Campanha da Fraternidade de 2011, com o tema: fraternidade e a vida no planeta e o lema: a criação geme em dores de parto.

 Mudanças climáticas e aquecimento global. Duas realidades que já são perceptíveis aos nossos olhares. O debate que a igreja deseja é justamente este: contemplarmos a natureza e o nosso planeta não como riqueza a ser explorada, mas como uma vida que existe no nosso planeta.

É inegável neste momento que as ações humanas tem causado forte reações no planeta, sendo visível algumas alterações no clima e também no aquecimento do planeta. Tais reações podem e se tornam ameaças para a própria vida na terra.

É questão crucial e fundamental que os homens e as mulheres tomem consciência desta realidade e que cada um, diante da sua responsabilidade, possa assumir o compromisso de defender a vida no mundo.

O desenvolvimento econômico e social não pode possuir como matriz a exploração exacerbada da natureza. Não se pode pensar em fontes de energia ou mesmo em riquezas como frutos de uma destruição daquela que é a fonte de tudo: a terra.

E o que pensar de populações que se veem prejudicadas por modelos econômicos de desenvolvimento que são excludentes? Chegamos a um nível de exploração nunca visto na história da humanidade! E isto sem falar de um número de pessoas que estão à margem deste processo que privilegia poucos.

A igreja gera um debate construtivo com os seus fiéis e com toda a sociedade. Não é causando danos à biodiversidade, esgotando as reservas de água potável, a exploração ininterrupta dos recursos minerais ou mesmo transformando ecossistemas que o homem encontrará o tão sonhado progresso.

O processo que se iniciou de progresso precisa ser revisto. Pois além dos pobres, o planeta e sua biodiversidade estão vulneráveis. E esta situação gera desequilíbrios que já são vivenciados por muitas pessoas no mundo.

A Campanha da Fraternidade quer chamar a nossa atenção para o fato de que somente pela mudança de atitude e mudança de hábitos nos padrões de consumo é que poderemos olhar para o futuro com uma perspectiva positiva.

A mudança, porém, vem, sem dúvida, da conversão. Convertermos a uma nova visão de nós mesmos, do mundo e da própria natureza. Percebermos que o universo é obra do Criador.

O homem e a mulher precisam contemplar a natureza sob o aspecto divino de que as coisas são boas e que Deus confiou tudo aos seus filhos e filhas.

Por isto, antes de termos uma postura consumista e utilitarista, precisamos lembrar que o Senhor criou e nos deixou tudo para podermos administrar segundo os critérios da justiça, da igualdade e do bem comum.

Aproveitemos, então, esta Quaresma para despertar nossas consciências deste sono consumista e, pela conversão, passemos a viver neste planeta como pessoas que fazem parte desta biodiversidade que depende de nós para manter-se com a dinâmica deixada pelo Criador.