quarta-feira, 9 de março de 2011

Quaresma: Sepultados e ressuscitados com Cristo

Por Diácono Marcos Sabater
Licenciado em Jornalismo

1º Domingo. Jesus Cristo, o novo Adão

O Carnaval chegou ao seu fim. Após alguns dias de alienação na fantasia e na farra, muitos se enfrentam novamente com a realidade que lhes toca viver. A vida, nesse sentido, é uma luta diária e constante porque as tentações se sucedem uma atrás da outra: dinheiro, fama, sucesso, poder...
A Palavra do Senhor neste primeiro Domingo de Quaresma nos lembra, a partir da narração das tentações no deserto (Mt 4,1-11), que todos nós caímos como caiu Adão na história (Gn 2,7-9; 3,1-7) ficando obscurecido, desse modo, o sentido da nossa existência é a esperança de ter uma vida plena.
Esta mesma experiência a viveu também o povo de Israel na história que Deus fez com ele. A desconfiança mostrada durante a sua passagem pelo deserto e também durante o tempo da monarquia fez com que os israelitas perdessem a terra prometida ao seu pai na fé, Abraão. Todos nós temos a pretenção de sermos felizes, mas nunca experimentamos essa satisfação devido ao fato de sermos escravos do pecado.
A Boa Nova que traz este Domingo é que todos nós somos restaurados na nossa vocação de filhos de Deus graças a Jesus Cristo, o Verbo de Deus que se fez carne para abrir-nos o caminho da salvação. Por isso, a humanidade exulta de alegria em Jesus Cristo (Rm 5,12-19), porque é Ele quem nos justifica por meio da morte e ressurreição do seu Corpo, que somos todos nós.
O Espírito de Deus é quem guia a Jesus levando-O ao deserto, enquanto que no Antigo Testamento, o povo de Israel quer fazeria a sua vontade e, por isso, murmurava exigindo pão, carne, água... se rebelando e cultuando aos ídolos. No deserto, Jesus passou quarenta dias e quarenta noites, lembrando a experiência de Moises e de Elias, e os quarenta anos que esteve Israel caminhando pelo deserto.
Ainda que as três tentações se refiram a aspectos distintos, como o afã de possuir (querer ter dinheiro e saciar-se), de cumular glória (tentar mudar a história porque é muito sofrida) e de alcançar poder (idolatrar e pedir a vida ao sexo, à bebida, às amizades), elas três tem em comum a pretenção de Satanás, que consiste em fazer renegar a Jesus da sua vocação como Filho obediente de Deus. Assim age o tentador conosco para conseguir nos seduzir. Porém, Cristo responde com a Palavra revelada feita oração (trechos extraídos do Deuteronômio) e sai vitorioso das ciladas do tentador.
Precisamente, a meditação e a interiorização da Palavra fazem com que ela nos fale ao coração e alimente o caminho de fé que iniciamos no dia do Batismo. Na oração entramos em comunhão íntima com Ele e nos abre à esperança da vida eterna.
Durante toda a sua vida, o demônio tentou afastar Jesus do caminho que o conduziu à cruz e ao sofrimento. Também a nós, o tentador vai querer sempre nos tirar da comunhão com o Senhor. Por isso, a nossa vida não pode ser vivida de modo superficial. A morte em Adão e a vida em Cristo tornam a nossa existência em tempo de salvação, existência esta marcada pela liberdade e a responsabilidade. Ninguém está predestinado pelo fatalismo, mas segundo a liberdade pessoal e a responsabilidade perante a palavra revelada em Jesus Cristo.

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