sexta-feira, 25 de março de 2011

O desenvolvimento e o impacto na Natureza

Por Padre André Lima
Superintendente da Rádio Nova Aliança
Assessor de Imprensa da Arquidiocese de Brasília




Segundo o texto base da Campanha da Fraternidade deste ano, a concepção de crescimento econômico contínuo e linear de nosso tempo pode levar ao esgotamento dos bens da natureza, pois tal processo de desenvolvimento gera padrões altos de produção e de consumo.


Os relatórios da ONU, UNESCO, FAO, entre outros organismos internacionais, apontam esta realidade de desigualdade e consumo. E não se pode esquecer o fenômeno da globalização que padroniza um estilo de vida que tem como fundamento da satisfação humana o ato de consumir.

Os avanços tecnológicos, frutos de um suntuoso investimento, não apontam para a elaboração de novas técnicas renováveis de energia, porém apostam em energias nucleares, na nanotecnologia e na modificação genética de organismos.

Quanto às energias nucleares, o mundo desenvolvido atualmente se questiona sobre o custo - benefício de investir em tais usinas. O debate é fruto do desastre natural ocorrido recentemente no Japão, onde o próprio mundo observa atento aos esforços daquele país em conter um possível vazamento nuclear nunca visto na história.

E o que falar dos organismos modificados geneticamente. Além de não sabermos o alcance desta tecnologia, nem mesmo a ciência vislumbra os reais efeitos daqueles na natureza e no próprio homem, pois este já se alimenta de uma gama de produtos modificados.
O texto base levanta a interrogação: de um lado, modelos de desenvolvimento, de outro, alta tecnologia; e como resultado, temos a desigualdade que salta aos nossos olhos, a saúde precária de muitos, a futura escassez de água potável, a educação ainda centralizada e a degradação do meio ambiente. Por que se investe neste nível e tanto mais assistimos perplexos tais realidades?

O diagnóstico já foi traçado: é impossível manter a escalada de crescimento/progresso e de consumo atual no processo de globalização. O mercado, idolatrado por muitos, é impessoal, sendo regido por interesses que muitas vezes não privilegia aquilo que é produtivo, mas aquilo que é especulativo para um determinado grupo de pessoas.

O lucro não pode ser o determinante em todas as instâncias da sociedade. A eficiência ou a alta tecnologia, enfim, enquanto a orientação das sociedades se regerem por estes princípios somente, torna-se reduzido a esperança de um futuro diferente baseado na pessoa humana.

É necessário renunciar a ideologia do crescimento impessoal. Novos hábitos, novos ares e novas oportunidades. Uma nova proposta pautada em valores diferentes da ótica do consumo e da competição deve ser feita a fim de rediscutir que sociedade se quer. Uma nova organização de vida pessoal, com o objetivo de incluir, na experiência da solidariedade, entendendo que o planeta não é o objeto da satisfação dos desejos e necessidades econômicos, porém a casa da humanidade.

E você prezado leitor, diante desta proposta da Campanha da Fraternidade, o que pode ser feito? Será que a decisão e a adesão de uma nova proposta cabem apenas a um grupo específico de pessoas? Será que o consumo também não encontra em nós um aliado? É possível mudar a nossa postura diante desta realidade? Reflita!

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