quinta-feira, 7 de abril de 2011

Julgar os nossos atos, salvar a natureza!

Por Padre André Lima
Superintendente da Rádio Nova Aliança
Assessor de Imprensa da Arquidiocese de Brasília

Na segunda parte do texto base, seguindo o método: ver, julgar e agir, nos perguntamos diante da etapa do julgar: é possível continuar agindo como se nada tivesse acontecendo com o planeta? Desprezando a importância da natureza e colocando as nossas responsabilidades de lado?

O texto sugere que haja mudanças comportamentais e sistêmicas, ou seja, transformações nos comportamentos consumistas das pessoas e no sistema produtivo e econômico.

Porque elas são necessárias e urgentes para evitarmos as más condições naturais para as futuras gerações, que a herança para as pessoas no futuro não se resumam em desequilíbrios na natureza, já vistos hoje em dia.

Neste tempo Quaresmal, Deus nos chama a ter atitudes justas para cuidarmos bem da nossa vida e da vida do nosso planeta. Para tal, as nossas posturas precisam modificar! E uma das grandes tentações que temos é não mudar os nossos hábitos diários.

Por exemplo: tem pessoas que após consumir um refrigerante ou algo do gênero, jogam a garrafa pet ou mesmo a latinha em qualquer lugar. Podemos também nos descuidar com o uso racional da água em casa ao lavar os utensílios domésticos, ao tomar banho, ao lavar o carro; enfim, além de outras situações, podemos gastar muito devido a um mau uso deste bem! E o que falar do lixo que nós produzimos diariamente?

 À luz do texto base, quando o senhor Deus, no livro do Gênesis, diz que o homem vai dominar todas as coisas da terra, não está dizendo que podemos destruir ou usá-las segundo um estilo consumista. Dominar vem da palavra latina dominus, que significa senhor.

Desta forma, somos convidados a exercer um senhorio a partir do modelo de senhor que vem do próprio Deus onde Ele cria, ordena o seu crescimento e a sua evolução.

Na verdade, o senhorio do ser humano é co-dividir o mesmo espaço, a mesma natureza com os outros seres e claro, com a própria dinâmica da natureza.

Deus, ao nos criar, nos diferencia. Esta é a ordem sobrenatural que fundamentalmente nos distingue dos outros animais: a nossa realidade espiritual. As nossas ações não são somente materiais, mas são espirituais. Temos uma alma! E precisamos viver aquilo que Deus de forma gratuita nos dá: o dom da vida.

Para isto, precisamos resgatar o sentido de cultivar, de organizar, de cuidar e de guardar tudo aquilo que Ele nos deu. Segundo a revelação, o homem está no centro da criação. Só que não é por estar no centro que o homem pode gerar destruição.

As ameaças à natureza podem vir das ideologias e do espírito de dominação que muitas vezes são marcados pela ciência. É que a sua radicalidade, ou seja, o cientificismo tende a absolutizar o que é relativo e provisório, gerando consequências destrutivas em nosso meio ambiente.

Quando o ser humano se comporta como um deus, fazendo o que deseja, sem respeitar os limites naturais do próprio planeta, ele fica sozinho. Não se relaciona de modo justo e edificante com Deus e, portanto, desencadeia processos fundamentados no egoísmo que geram exploração, destruição e desigualdade.

Continuar a viver na desordem, fruto de ter se alimentado da árvore do bem e do mal, é caminhar para o auto-isolamento. Converter-se a uma nova ordem, a da graça, instituída por Cristo parece a via que preservará a vida do planeta e a vida do próprio homem.

Percebe-se que a riqueza disponível dos seres humanos se reveste de um princípio de co-responsabilidade. Todos nós somos responsáveis! Não podemos empurrar a nossa parcela para pessoas constituídas de poder como se nós fossemos meros observadores. Somos agentes do meio e da nossa história. E esta cobra posturas diferentes, mais humanas e que respeitam o equilíbrio da criação. Julgue as suas ações! E descubra, no seu dia a dia, o que você pode contribuir para a preservação do nosso planeta.

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