sexta-feira, 29 de julho de 2011

A tomada de posse canônica de Dom Sérgio da Rocha

Diácono Marcos Sabater
Paróquia Santa Maria dos Pobres
Jornalista (Rádio Maria e Arquidiocese de Brasília)



3. Os múnus do bispo: ensinar, santificar e governar



No próximo sábado, 6 de Agosto, às 9 horas da manhã, D. Sérgio será recebido na Catedral Metropolitana como o quarto Arcebispo de Brasília. O rito da tomada de posse, que marca o início do seu exercício pastoral entre nós, enquadra-se na recepção que a Igreja brasiliense faz ao seu bispo na igreja catedral, onde se encontra a cátedra, a sede, isto é, a cadeira da presidência de onde o bispo exerce o seu ministério pastoral e apascenta as suas ovelhas.

A missão de D. Sérgio se desenvolve por meio dos três múnus ao serviço do povo de Deus em Brasília. O Tríduo de oração que acontecerá como preparação à tomada de posse nos ajudará a aprofundarmos no sentido que tem os múnus de ensinar, de santificar e de governar.

Em relação ao múnus de ensinar, o bispo é o principal responsável pela evangelização e a catequese na Igreja a ele confiada pelo Papa. Ele deve estar total e plenamente configurado com Jesus Pastor de tal modo que, assim como aconteceu com Cristo, também o ministro sagrado torne presente, na confusão e na desorientação dos tempos atuais, a luz da palavra de Deus que é o próprio Cristo neste mundo.

Aquele que é chamado a presidir a Igreja particular não ensina as próprias idéias ou uma filosofia que ele mesmo inventou. Ele ensina e propõe a verdade que é o próprio Cristo, a Sua palavra, o Seu modo de viver e de ir em frente. O ensinamento das verdades de fé que o bispo é chamado a oferecer deve ser interiorizado e vivido em um intenso caminho espiritual pessoal. Só assim é que realmente ele entra em uma profunda
e interior comunhão com o próprio Cristo.


A força profética de D. Sérgio radicará no fato de nunca ser homologado nem homologável a alguma cultura ou mentalidade dominante, mas em mostrar a única novidade capaz de produzir uma autêntica renovação do homem apartir de Cristo, o Deus vivente. Deste ponto de vista, tem sentido a recepção que se fará ao novo arcebispo à porta da igreja catedral, quando será apresentado o crucifixo para ele beijá-lo. O bispo é chamado a viver e anunciar o mistério pascal simbolizado pela cruz do Senhor.

Em relação ao múnus de santificar, o bispo é revestido da plenitude do sacerdócio de Cristo e comunica a graça divina aos outros membros da Igreja. Cristo está presente na Igreja, seu corpo, de um modo totalmente livre dos limites de espaço e tempo, graças ao acontecimento da ressurreição. O bispo que age ‘in persona Christi capitis’ (na pessoa de Cristo cabeça) e em representação do Senhor, nunca age em nome de um ausente, mas na própria pessoa de Jesus Cristo ressuscitado.

A pessoa de Cristo age de fato e realiza o que o bispo não poderia fazer: a consagração do vinho e do pão para que eles sejam realmente presença do Senhor, assim como a absolvição dos pecados. O bispo possui a tarefa de santificar os homens, sobretudo mediante os sacramentos e o culto da Igreja.

Santificar uma pessoa significa colocá-la em contato com Deus transformando-a desse modo. Nenhum homem por si mesmo, a partir da sua própria força, pode por o outro em contato com Deus. Isto se realiza com o anúncio da Palavra de Deus. O bispo torna-se, mediante o Sacramento da Ordem, partícipe do sacerdócio de Cristo, ministro desta santificação, dispensador dos seus mistérios e "ponte" do encontro com Ele.

Nesta perspectiva adquire toda a sua riqueza o gesto que o novo arcebispo realizará na recepção à porta da catedral, quando ele se aspergirá a si mesmo com água benta e depois a todos os presentes. A água lembra o nosso batismo e, precisamente, o bispo tem a missão de fazer discípulos de Cristo todos os povos, “batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo quanto Jesus lhes mandou” (Mt 28,19-20).

O terceiro múnus que D. Sérgio deverá desenvolver consiste no governo hierárquico impregnado do zelo pastoral. A Igreja está chamada a governar e guiar, com a autoridade de Cristo, a porção do povo que Deus lhe confiou. De fato, através dos pastores da Igreja, Cristo apascenta a sua grei: é Ele quem a guia, protege e corrige.

Mas o Senhor Jesus, Pastor supremo de todas as almas, quis que o Colégio Apostólico, hoje os bispos, em comunhão com o sucessor de Pedro, e os sacerdotes, seus mais próximos colaboradores, participassem nesta sua missão de se ocupar do povo de Deus, de ser educadores
na fé, orientando, animando e apoiando a comunidade cristã.


Precisamente, a fé cristã é eclesial, aberta a toda a Igreja, sem estabelecer partidismos ou separações de qualquer tipo. A orientação dos presbíteros em relação ao bispo deve ser a de representá-lo e agir em seu nome e missão. A grande obediência de Cristo ao seu Pai concretiza-se na obediência dos presbíteros ao seu bispo e do bispo ao Papa, o sucessor de Pedro.

A leitura da bula de nomeação de D. Sérgio como Arcebispo de Brasília e a entrega do báculo são de sumo valor, porque significa que o novo bispo não vem em nome próprio, mas em nome de Cristo. Ele foi eleito e enviado a esta Igreja particular com a missão de governá-la impregnado do zelo apostólico. Por isso, o Povo de Deus da Igreja brasiliense o acolhe, lhe presta obediência e se dispõe a colaborar com o seu ministério pastoral.

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