segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O que temos a comemorar com a Proclamação da República?

Por Padre André Lima
Superintendente da Rádio Nova Aliança
Assessor de Imprensa da Arquidiocese de Brasília






Prezado leitor, nesta semana, o nosso país celebrou 122 anos da Proclamação da República! Uma pergunta pode ser feita: temos muito a comemorar?

A partir do olhar de cristãos, não podemos ser fatalistas, porém, precisamos realmente descobrir, com um olhar crítico, o que é a República e qual o nosso papel.

A palavra República vem do vocábulo do latim res publica, que significa coisa pública. Significava desde o tempo romano, o patrimônio que era público, do domínio de todos e gerenciado pelo Senado ou por alguém constituído para este fim.

Também pode se ver até hoje na cidade de Roma, as iniciais SPQR, sendo as iniciais de Senatus PopulusQue Romanus, ou seja, Senado e Povo de Roma, para designar o patrimônio de Roma.

Ao voltar o sentido primeiro da palavra República, nos vem também o exercício da democracia, onde prevê um governo do povo, ou como no nosso caso, aqueles que os eleitores elegem como seus dignos representantes.
Em um breve histórico, o Brasil Imperial acaba com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, através de um golpe militar, no Rio de Janeiro. Neste dia, então marechal Deodoro da Fonseca, dá início ao regime republicano, derrubando d. Pedro II.

Em 07 de janeiro de 1890 decreta-se a separação entre Igreja e Estado. A República, desta forma, acaba com o regime do Padroado e a religião católica como oficial e reconhece o caráter leigo do Estado, garantindo a liberdade religiosa. Nasce o regime do pluralismo religioso e sem a tutela do Estado.

Esta separação radical, porém, será melhor compreendida na década de 30, com o projeto desenvolvimentista e nacionalista de Getúlio Vargas. A Igreja, por solicitação e também por sua missão, expande sua base social para além das elites, abrindo-se para as camadas médias e populares. É neste contexto que a constituição de 1934 prevê, pela primeira vez, uma colaboração oficial entre Igreja e Estado.

Após o regime ditatorial entre 1964 a 1984, há a conquista da liberdade para escolher os nossos representantes que fazem nossas leis e nos representam em todas as esferas do poder: Federal, Estadual e Municipal, liberdade também para exercer nossos deveres e direitos.
Ao sair do panorama histórico, podemos levantar algumas coisas sobre a República. Segundo uma célebre frase do político Aristides Lobo sobre a Proclamação da República no século XIX que segundo ele: “o povo assistiu a tudo bestializado”, ou seja, apático, sem tomar partido dos acontecimentos no momento da Proclamação.

Aquele político diz que foi um movimento produzido por elites, intelectuais, militares, grandes proprietários, e políticos, e não um movimento popular a Proclamação da República.

Ainda mais, ao refletir sobre as palestras do último sábado, onde tivemos uma manhã de formação sobre a próxima campanha da fraternidade cujo tema é sobre a saúde, discutiu-se o que é cidadania e o papel do cristão na sociedade.

Foi dito que a educação precisa está voltada para a formação das pessoas para descobrirem o seu papel na sociedade, e isto passa pela cidadania. De acordo com o sociólogo inglês T.H Marshall (1893-1981) “cidadania somente pode ser alcançada mediante três atributos básicos: direitos civis, direitos políticos e direitos sociais, necessariamente nesta ordem e progressão”.

É preciso entender os direitos civis como a liberdade individual, a de propriedade ou de culto e os direitos políticos: participação de todos no regime político vigente - direitos sociais: direitos de bem-estar econômico, segurança e um sistema político.

É um momento interessante de reflexão sobre os acontecimentos da nossa República. Quando se observa que a coisa pública, em alguns casos, passa a ser coisa privada pela apropriação indevida feita por alguns dirigentes.

E quando diante dos desvios de verba pública, onde a população ainda fica alheia, não pensando que este dinheiro não retorna e desfalca áreas imprescindíveis para a nossa sociedade como a saúde e a educação.

Qual o nosso papel? Lutar pelos nossos direitos, darmos testemunho de não se apropriar daquilo que não é nosso, sermos verdadeiros e claros, quando chamados no pleito, buscar votar certo, para não cair no centenário das promessas eleitorais que até hoje não são cumpridas, e sempre feitas nesta mesma sequencia: mais segurança, mais educação, mais saúde, mais moradia, e assim por diante!

Reflita sobre isto! Desta forma, o papel de cristão na sociedade é um papel exigente: é um dever ser discípulo de cristo e segui-lo, dando testemunho.

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